Tempest (Europa): “Seguimos a filosofia do Deep Purple: evoluir, fazer turnês e nos divertir.”

Houve uma época em que Joey Tempest, vocalista da banda sueca Europe, competia com Jon Bon Jovi para ver quem conseguia acumular mais cachos por centímetro quadrado de cabelo. Isso foi na época em que The Final Countdown estava sempre tocando, e milhares de lares imitavam aquela melodia icônica, vinda do sintetizador do tecladista Mic Michaeli, em órgãos Casio dados como presentes de Natal. Era a década de 1980, e Europe conquistou um público que, na Espanha, por meio de um fenômeno homofônico, transformou a "contagem regressiva final" do refrão da música em um estridente "ensopado de salsa".
O Europe se separou em 1992 com o surgimento do grunge, mas seus integrantes se reuniram em 2004. Desde então, eles lançaram vários álbuns e fizeram turnês regularmente. A COVID interrompeu a produção, mas Joey Tempest, John Norum (guitarra), Mic Michaeli (teclado), John Leven (baixo) e Ian Haugland (bateria) continuam dando o seu melhor. Sem seus cachos — alisados em favor de um chanel de comprimento médio —, mas com a experiência não apenas daquele hit que ressoou dos carrinhos de bate-bate das feiras dos anos 1980 a alguns dos estádios mais lotados, mas também dos onze álbuns que lançaram até agora. E há outro se formando no forno. Há muita força em todos esses álbuns mais recentes, voltados para um público experiente e musicalmente maduro.
Novo álbum "As músicas serão bem melódicas e, ao mesmo tempo, muito poderosas e pesadas. Gravaremos no outono e o lançamento será em 2026."Eles farão cinco paradas na Espanha. Uma delas será no Festival Porta Ferrada, em Sant Feliu de Guíxols, onde apresentarão suas apresentações de rock/metal a partir das 22h de amanhã, sábado. A banda sueca abre a programação de shows na cidade de Girona.
Vocês lançaram mais álbuns desde seu retorno do que nos anos 80. O Europe é mais uma banda de rock/metal contemporâneo hoje do que uma banda presa ao seu passado?
Éramos jovens nos anos 80... Fizemos muita coisa. Éramos apenas músicos, uma banda de rock que não tentava fazer nada de especial. Seguimos nossa intuição. Nossos mentores são o Deep Purple, porque eles estavam sempre mudando e queriam fazer turnês e se divertir.
Você diria que o som é mais parecido com o Deep Purple do que nunca?
Talvez. Não sei se soamos como eles, mas temos a mesma filosofia: tentar evoluir e experimentar coisas diferentes, continuar em turnê e trabalhar duro.
Mas o som deles agora é mais poderoso, mais pesado e mais orgânico do que era nos anos 80...
Sim. Voltamos às técnicas de gravação dos anos 1970, que consideramos as melhores. Nos anos 1980, havia reverbs digitais, baterias com gatilho, muitos limitadores e compressores... Era uma loucura. E é por isso que a produção soa um pouco diferente. Então queríamos trazer de volta um pouco mais de técnicas de gravação naturais.
Deixaram também para trás as baladas, no estilo de Carrie .
Obrigado! (Risos) Essa é uma boa observação.
Você já pensou em remover The Final Countdown da sua playlist de shows?
Não muito. Planejamos fazer isso em algum momento, mas o show foi cancelado, então interpretamos isso como um presságio. Mas talvez devêssemos parar de tocar hoje...
'A contagem regressiva final' “Estávamos planejando remover a música em algum momento, mas o show foi cancelado, então tomamos isso como um presságio.”Porque?
Isso daria muitas manchetes!
A cena rock/metal está ganhando força na Suécia com bandas como Ghost, Opeth e Europe na vanguarda?
Somos amigos do Ghost e do Opeth. Conhecemos o Opeth na América do Sul há alguns meses. Estávamos em turnê com eles, junto com o Scorpions e o Judas Priest. Eles também vêm nos ver tocar, então é legal.
Esta turnê inclui cinco shows na Espanha, mais do que em qualquer outro país. Existe alguma conexão especial com o público espanhol?
Sim, notamos que algo tem crescido nos últimos cinco anos. Estivemos aqui no ano passado e estamos recebendo boas vibrações do público espanhol.
Você ainda consegue atingir o mesmo alcance vocal que tinha quando era mais jovem?
Tenho tido muita sorte. Consegui cantar a maior parte, mas não canto todas as músicas agudas. Mas sim, tenho sorte. Até agora, está indo bem.
Você tem medo de que algo parecido com o que aconteceu com Axl Rose aconteça com você?
Não muito. Faz um tempo que não os vejo [Guns 'n' Roses] tocar... mas sei que é difícil para qualquer cantor. Ser cantor não é fácil quando você está em turnê.
Já faz um ano desde o seu último álbum. Por que essa longa pausa no estúdio?
Trabalhamos muito com Bag of Bones, War of Kings e Walk the Earth. Depois disso, fizemos uma pausa. Mas aí veio a COVID, e eu estava na Inglaterra, os outros caras estavam na Suécia. Não nos vimos por um longo tempo, mas todos começamos a compor músicas. De certa forma, essa longa pausa nos levou a escrever coisas realmente interessantes. Acho que vai parecer um novo álbum de estreia. Vai ser incrível. As músicas são fantásticas. Às vezes é bom fazer uma longa pausa, mas não queremos fazer disso um hábito. Não queremos fazer isso de novo.
Documentário “Encontramos uma caixa velha de fitas VHS com um monte de coisas dos anos 1980, de quartos de hotel, salas de ensaio de quando éramos crianças.”E como vai soar?
Não sabemos exatamente. Será um projeto de composição muito bom, porque tivemos tempo para escrevê-lo. Serão bastante melódicas e, ao mesmo tempo, muito poderosas e pesadas. Gravaremos no outono e sairão no ano que vem.
Um documentário também está em produção. Como está o processo de produção?
Longo, cerca de seis ou sete anos. Uma equipe de filmagem começou a nos filmar na Austrália, também na América do Sul, e nos seguiu por toda parte. Não sabíamos que estávamos fazendo o documentário. Só sabíamos que eles estavam nos filmando em turnê. Então, durante a COVID, pensamos que talvez devêssemos fazer o documentário oficial. Encontramos uma caixa velha de fitas VHS com muita coisa dos anos 80, de quartos de hotel, salas de ensaio de quando éramos bem jovens. Depois vieram os anos 90... foram difíceis para nós, mas dá para ver como nos reencontramos... Esperamos poder lançá-lo no ano que vem também.
lavanguardia